skip to main |
skip to sidebar
Só eu e ele,
Combatendo
Com golpes sempre iguais,
Os meus aos dele,
Os dele aos meus,
Sempre idênticos demais.
O vencedor
Só conheceremos
Ao quebrarmos a barreira
Do espelho, cujo reflexo
Nos separou a vida inteira.
E no fim
Só eu e ele
Saberemos distinguir
Qual de nós em mil pedaços
Se estará a reflectir.
Todas as noites
A Lua deixa-nos provar
Um pouco do seu sabor
Em banhos quentes de luar.
E quem à sua luz se estende
Não se queima certamente...
Aconchega-se a sonhar.
Sabes, às vezes, de manhã, olho para ti, e sinto que devo ter acordado simplesmente para te poder ver. A magnificência da tua imagem fere os meus olhos ainda não habituados à claridade, mas eu não me importo; tomara poder despertar todos os dias sob a tua aura radiante.
É quase como uma benção matinal, aquela que me ofereces pelo simples facto de apareceres esplendoroso à minha janela. Transmites-me força e energia para viver, sinto que me guias para a felicidade [nem que seja por apenas um dia]. E é tão bom ser feliz pelo simples facto de existires, de me protegeres e acompanhares com carícias de luz, até à hora de te curvares perante a Noite.
Detesto ouvir os clichés, de quem não tem nada melhor para dizer... É que dizem que tu és de todos, mas sei perfeitamente que nos dias em que nasces no céu, completamente nú e sózinho, pelo menos nesses dias vieste por mim, e és meu, apenas e somente meu. Porque as pessoas sabem distinguir a verdade e a mentira no rosto de quem melhor conhecem e mais amam. Tu a mim não sabes mentir. E por isso acompanha-me a convicção de que nessas alturas fazes parte dos meus pertences, porque em ti reflecte-se a minha alegria pla manhã clara, e em ti conseguem-se distinguir as cores dos meus desejos.
Mas continuam a insistir comigo, continuam a pressionar-me para te partilhar. Já lhes tentei dizer: não sei bem se és tu que és meu, ou se sou eu que sou tua. Eles não sabem que a tua vontade domina o meu mundo, e que não te posso obrigar a revelar a tua essência a almas alheias. Sou tua e por isso vivo os meus dias menos contente quando não estás, quando te escondes por detrás dos adornos do Inverno.
Por isso te suplico: não me abandones. Ilumina todo o meu tempo...
Se a história desta noite tiver escritora, alguém realmente responsável pelo fervilhar de ideias e pela explosão de emoções, esse alguém não sou eu. Esse alguém corre-me no sangue, distribui energia e acelera-me o coração, e, não sendo eu própria, é alguém completamente endógeno no meu corpo. Quem mais reside no meu interior, que não tu, eu, e um pouco de loucura?
É a adrenalina que me perfunde a mente, que me precipita as ideias... Hoje o meu pensamento é uma solução heterogénea de desejos, sentimento e movimentos perdidos.