quinta-feira, junho 26, 2008

Crise de identidade


    Só eu e ele,
    Combatendo
    Com golpes sempre iguais,
    Os meus aos dele,
    Os dele aos meus,
    Sempre idênticos demais.
    O vencedor
    Só conheceremos
    Ao quebrarmos a barreira
    Do espelho, cujo reflexo
    Nos separou a vida inteira.

    E no fim
    Só eu e ele
    Saberemos distinguir
    Qual de nós em mil pedaços
    Se estará a reflectir.


terça-feira, junho 24, 2008

Noites de Ternura


    Todas as noites
    A Lua deixa-nos provar
    Um pouco do seu sabor
    Em banhos quentes de luar.
    E quem à sua luz se estende
    Não se queima certamente...
    Aconchega-se a sonhar.


terça-feira, junho 17, 2008

Carta ao Sol


    Sabes, às vezes, de manhã, olho para ti, e sinto que devo ter acordado simplesmente para te poder ver. A magnificência da tua imagem fere os meus olhos ainda não habituados à claridade, mas eu não me importo; tomara poder despertar todos os dias sob a tua aura radiante.
    É quase como uma benção matinal, aquela que me ofereces pelo simples facto de apareceres esplendoroso à minha janela. Transmites-me força e energia para viver, sinto que me guias para a felicidade [nem que seja por apenas um dia]. E é tão bom ser feliz pelo simples facto de existires, de me protegeres e acompanhares com carícias de luz, até à hora de te curvares perante a Noite.
    Detesto ouvir os clichés, de quem não tem nada melhor para dizer... É que dizem que tu és de todos, mas sei perfeitamente que nos dias em que nasces no céu, completamente nú e sózinho, pelo menos nesses dias vieste por mim, e és meu, apenas e somente meu. Porque as pessoas sabem distinguir a verdade e a mentira no rosto de quem melhor conhecem e mais amam. Tu a mim não sabes mentir. E por isso acompanha-me a convicção de que nessas alturas fazes parte dos meus pertences, porque em ti reflecte-se a minha alegria pla manhã clara, e em ti conseguem-se distinguir as cores dos meus desejos.
    Mas continuam a insistir comigo, continuam a pressionar-me para te partilhar. Já lhes tentei dizer: não sei bem se és tu que és meu, ou se sou eu que sou tua. Eles não sabem que a tua vontade domina o meu mundo, e que não te posso obrigar a revelar a tua essência a almas alheias. Sou tua e por isso vivo os meus dias menos contente quando não estás, quando te escondes por detrás dos adornos do Inverno.
    Por isso te suplico: não me abandones. Ilumina todo o meu tempo...


sábado, junho 14, 2008

À flor da pele


    Se a história desta noite tiver escritora, alguém realmente responsável pelo fervilhar de ideias e pela explosão de emoções, esse alguém não sou eu. Esse alguém corre-me no sangue, distribui energia e acelera-me o coração, e, não sendo eu própria, é alguém completamente endógeno no meu corpo. Quem mais reside no meu interior, que não tu, eu, e um pouco de loucura?



    É a adrenalina que me perfunde a mente, que me precipita as ideias... Hoje o meu pensamento é uma solução heterogénea de desejos, sentimento e movimentos perdidos.