quinta-feira, dezembro 04, 2008

Mau tempo...


    Olho através da janela embaciada: cá dentro o ambiente está quente, desenquadrado com a chuva que pinga o chão lá fora. No entanto os meus pés continuam frios por baixo de camadas generosas de malhas de algodão. Por isso, não estou confortável...
    Lá fora já escureceu há muito... A tarde agora é cortada ao meio pela chegada precoce da noite, e, como é Dezembro, um espiríto natalício adulterado decora-a com luzes incandescentes. As iluminações transferem alguma magia às ruas cinzentas da cidade, mas não escondem a tristeza que me mantém obscurecida. Por isso mesmo observo-as fixamente, na esperança de uma cegueira temporária e de um esquecimento breve, mas terapêutico. Espero que os meus olhos recuperem o foco, e sonho por um segundo que não são só as bolas de Natal que se iluminam, mas sim toda a calçada, toda a rua, todo um caminho reluzente diante de mim; um fugaz segundo de felicidade...
    Encontrei a cidade inalterada, depois de um piscar de olhos... Continua a chover, continua frio lá fora e continua tudo igual, iluminado e movimentado. Não fosse este meu estado, talvez fosse eu quem dançaria à chuva, fugindo entre lágrimas de Inverno, tremendo ingenuamente de frio, deixando-me maravilhar pelas luzes e cores e congestão desta época caótica de paz.
    Mas os meus pés continuam frios, e sinto a cabeça latejar ligeiramente... Acho que me esqueci de como é gostar do Natal...